terça-feira, 1 de abril de 2008

Efemeridades ou A lição de nós mesmos

«São breves os momentos de ti. Efémeros. Como se na tua ausência procurasse de novo o teu calor. Passos gastos por um caminho que jamais pisaremos juntos. Desabafo. Como o nunca é tão eterno. Foram lágrimas tudo o que te pude dar quando a força me falhou. Fraqueza da alma que chora ao encarar-se com a impiedade de uma vida que já não é minha. Nem tua. Nem nossa. Murmúrios ao vento para que ele os leve sem serem ouvidos. Serão inúteis. Como todos os esforços que um dia fizemos. Remámos contra a maré solitariamente. Ignorância de quem não pensou que o trabalho a dois é mais fácil. Ou menos penoso. Mas era amor. Não se pensa. Ainda agora. Não. Deixaria de o ser. Tolices românticas tornariam-se patetices lamechas. Seria como trincar a lua em metades e dizer que tudo estaria bem desde que ela estivesse no céu. Ridículo. Como as cartas de amor de Pessoa. Quem me dera poder ser ridículo agora. Ah, desengano. Doce, doce ilusão. O fim de tudo. Tal como flocos de gelo que derretem quanto mais os apertamos. Era distância. Foi possessão. O fulgor de quem quer abraçar com mais força para não deixar ir. Mas a vida segue e o chão foge-nos. Ficando nós perdidos em abraços a nós mesmos. Há quem lhe chame egoísmo. Talvez o façamos por não ter mais quem agarrar. Quem abraçar. Talvez a vida nos torne egoístas para nos testar. Para ver se somos fortes o suficiente para termos paciência connosco próprios. E assim, tê-la com os outros. Ou então…

…tolices…

…tolices apenas....»

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